Tira a roupa, deixa ver o teu corpo.
Deixa ver a cicatriz na virilha.
Deixa que eu explore teu corpo vivo.
Deixa que eu te faça tudo,
e do teu corpo irá brotar a canção, o hino
ou a ópera- ou mesmo, o tango.
Deixa que te toque, que te veja.
Deixa que te xingue, e que desse monólogo presente
surjam juízos.
Deixa que te olhe.
Mostra tudo, sem ambiguidade.
Deixa que tudo seja descoberto.
Deixa que te chame,
deixa que todos ouçam.
Deixa que te abandonem...
Põe a roupa agora sobre o corpo vivo e limpo.
-Sente a emoção da cicatriz saliente.
-Cura-a !
Raciocina sobre os músculos e os instintos.
Canta a canção tua.
Mostra a parte doída.
Responde a tudo,
abandona a carapaça.
Veste o que te dou.
Rasga o que te incomoda.
Fura o que te esconde.
Escandaliza a tua vergonha.
Pisa tua moral.
Desmoraliza tua verdade.
Chora da alegria, não importa a reação.
Pausa na tristeza;
faze dela catalizador para o conhecimento.
Ama.
Beija.
Morde.
Tudo se dirige ao espírito.
O corpo é parte da alegria.
O corpo morre,antes de tudo...
neusa fiesta