["Raquel se encontrava sentada em uma confortável cadeira em seu quarto. Vestida com seu agasalho de ginástica, que tinha adotado como a um pijama. Lia um livro – “Antes que o café esfrie” escrito pelo autor japonês Toshikazu Kawaguchi -, quando escutou um rangido, de porta se abrindo. Uma sensação de presença chamou-lhe a atenção, virou seu corpo para olhar o que lhe trazia aquela angústia - Raquel morava no terceiro andar de um prédio de apartamentos pequenos, em cada quarto tinha uma sacada com uma porta, que proporcionava um local para tomar um ar pela manhã, enquanto apreciava a vista da cidade.
- O que faz aqui? Já te falei que não gosto que entre pela sacada – Falava Raquel visivelmente irritada.
- Se não gosta que eu entre feche a porta pela manhã! – Respondia Rogério (um jovem de 15 anos, filho de uma amiga, vizinha).
- Se a porta estiver fechada, colocaria você em risco de cair. – Raquel dava aulas de reforço em física para o rapaz. No tempo que tinha disponível, na sua atividade de professora.
- Não entendi? – Respondeu-a.
Raquel contou-lhe uma história:
“Em certo tempo, um casal, mantinha uma relação difícil, a mulher trabalhava duramente para manter sua moradia. O rapaz conseguia algum dinheiro trabalhando nas oportunidades que surgiam e era muito carinhoso com ela. A jovem sempre mantinha a porta aberta para ele entrar. Cansada de tudo isto resolveu retirar-se de casa e visitar a sua mãe e fechou a porta sem comunicar nada ao rapaz. Ao retornar para sua casa, Sandra, percebeu sua porta arrombada. Alguns artigos de valor furtados, sua confiança estraçalhada. Passou por uma séria depressão. Ao passar dos dias uma notícia correu pela cidade. Um jovem, na tentativa de roubo, fora baleado pela polícia, era seu antigo companheiro. Raquel lamentou e pensou – Deveria ter deixado a porta aberta, em claro sentimento de culpa"
- Continuo não entendendo.
- As pessoas chegam em suas próprias conclusões, diversas, sobre tudo. O ideal é sempre deixar uma pista para ajudar, guiar nas conclusões. Para evitar sofrimentos.
Então, mesmo que não ache possível, você sabe que um dia a minha porta estará fechada.
- Difícil de entender.- Respondeu o jovem.
- A jovem ficou perturbada, por uma porta aberta que sempre deveria estar fechada. Para evitar a morte do amor em uma relação desejada. - Concluiu então Raquel.
Do lado de fora soprava uma brisa fria, que entrava pela porta aberta. Anunciando uma tempestade. Que talvez, somente talvez, invada o quarto das revelações descobertas. "]
(Antonio C Almeida)
Sobre o escritor:
Antonio C Almeida é de Valparaíso de Goiás - Goiás - Brasil. Com 60 anos de idade.
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