Mulher traída-Negra noite


MULHER TRAÍDA

Meu marido,
embora ferido,
tenhas
a desenvoltura
de sair.

Aquela porta
é a derradeira
de tua vida!

Queres ir?
vá!
Não venhas 
nada implorar!

Das falsas
emoções
já bastam
as que usavas
nas vãs 
entregas.

Vê esse corpo
agora assim?


A olhos
vistos
definhas
por ti!

Era de amor
valente
que sacode
a gente
e deixa
o pó
no resguardo
do quarto.


Sabia que
tu
envolvido
ainda
em nossos lençóis
e cobertas,
tinha a
alma perdida
na vida
de outra 
qualquer.

Demora-te
a partir?
Que te interessa
o atraso 
ao sair?


Queres levar
na bagagem 
saudade de casa?

Ah, deixa disso!

Não vês?
É a hora
certa!

Não fiques
a te impores
castigos
vários...

Eles todos
já experimentei
sozinha
e digo,
de franca
alegria,
já me expusestes
 ao veneno,
deste estou vacinada!

Portanto,
haja com naturalidade
passe a rua
como se estivesse
em primeiro dia
de escolaridade.

Não há despedida
agora,
isso já foi escrito
em muitas 
lágrimas 
caídas .

Nem ao teu beijo
meu rosto ou mão
te ofereço.

Os lábios
foram feitos
para uma melhor
realidade.

Não leves algo
que possa daqui
recordar-te,
lembranças reais
só irão
nos matar.

Vire-se e caminhe,
nem vacile, 
nem chore,
os olhos
agora
tem mais 
a cuidar!

Negra noite-22/05/10


editado em 22/05/10- 04:33h