Nostalgia
A noite chega
a mansidão da tarde já se vai.
Assim também
vou eu
em caminhos escuros
ruas desertas
chuva que faz estrelas brilharem
ao chão.
Sigo,
deserta de mim
nostálgica talvez
triste
cabisbaixa
Há muros ao redor
espinhos
na relva molhada
Minha pele
se corta
leves traços
demarcam o espaço
entre o sangue
e a água.
Também
em meu coração
pedaços desprezados
delimitam
os sonhos
da dura realidade.
Cai ainda
a chuva
intrigante sonoridade
que se espalha
ao ar.
A gélida penumbra
deixa marcas
em mim.
Ainda há a madrugada
a espreita
da hora morta.
A morte
enfim!
[Milena Medeiros]